Analfabetismo Visual – Você sabe o que é?

No último ano tivemos um aumento da demanda por habilidades de comunicação bem desenvolvidas, além disso, a exposição da imagem faz-se cada vez mais necessária em um mundo que precisou aprender a se comunicar virtualmente. No entanto, estamos diante de uma sociedade com alto índice de analfabetismo visual, portanto, vulnerável e facilmente manipulável. Diante de uma sociedade e uma educação que negligenciou boa parte da comunicação quando deixou de lado o conhecimento da linguagem visual.

Estamos falando do Analfabetismo Visual – Você sabe o que é?

Sim, você assim como a maioria das pessoas, pode ser um analfabeto(a) visual.

Mas o que é analfabetismo visual e como isso pode estar interferindo na sua vida?

O termo analfabetismo visual, assim como o seu conceito, já vem sendo usado e discutido há décadas no mundo acadêmico e entre profissionais de diversas áreas, sobretudo da comunicação e educação.

Na prática, significa dizer que a maioria das pessoas ao ver uma imagem, consegue descrevê-la resumidamente, mas não desenvolveu a habilidade de ler a mensagem contida na imagem.

Isso porque a nossa cultura e o nosso sistema educacional deixaram o conhecimento da linguagem visual completamente a parte desde a alfabetização infantil, por entender que alfabetizar é ensinar a ler e escrever, ou seja, apenas duas das habilidades comunicativas e formas de linguagem.

Acontece que desde os primórdios a humanidade se comunica por imagens e isso só aumentou nos últimos anos. Por meio de linhas e formas com significados universais, toda a história das civilizações foi passada de geração em geração. E muito embora não sejamos mais aquelas pessoas que escreviam na pedra, podemos dizer que hoje a grafia de quem nós somos, do que fazemos, da nossa história e cultura, está na imagem que colocamos nas redes sociais, na mídia, em vídeos, na publicidade e isso aumentou no último ano, em decorrência da pandemia que estamos atravessando hoje. O que torna o nosso problema maior, pois continuamos sem a habilidade de leitura consciente da mensagem transmitida pelas imagens e com o avanço da tecnologia, compartilhamos e recebemos imagens o tempo todo, em diversos meios, sem ter a menor noção do que estamos de fato criando e transmitindo.

Além disso, somos afetados o tempo inteiro, pelo “bombardeio” de imagens que recebemos. Envolvidos, ludibriados, motivados ou desmotivados, sem muitas vezes fazer qualquer tipo de seleção dessas mensagens que nos afetam emocionalmente.

Somos induzidos a escolhas, interpretações e preferências, sem com isso ter uma mínima análise crítica. O resultado da falta de conhecimento da linguagem visual é então a vulnerabilidade com que estamos submetidos, sendo facilmente manipulados e levados a escolhas conforme padrões coletivos de comportamento ou simplesmente o que está sendo vendido. Baixa auto estima, comparações, horas perdidas percorrendo imagens atraentes, mas que podem estar muito distantes daquilo que é o desejo ou o objetivo de vida de cada pessoa, acabam ganhando o poder de afetar uma vida inteira.

Para mais, a imagem pessoal também carrega uma série de significados por meio das linhas, formas, cores, além da linguagem arquetípica estudada na psicologia e tão bem desenvolvida por Carl Jung e que comunica o tempo todo em um nível inconsciente. Ao ver uma imagem somos afetados emocionalmente por ela, nos primeiros milésimos de segundo e isso não passa pelo nosso cérebro racional, passa pelo cérebro emocional.

Nessa perspectiva, poucas pessoas sabem que elas também estão sendo impactadas pela sua própria imagem diante do espelho e pela imagem que compartilham nas redes e isso antecede a moral ou o juízo de valor, pois passa pela linguagem inconsciente contida nos símbolos que você está colocando em você mesmo. Um cabelo reto tem uma mensagem completamente diferente de um cabelo com linhas inclinadas, por exemplo, cores, posicionamento e linguagem corporal, tudo está comunicando muito antes de qualquer palavra ser dita. E considerando que vivemos hoje em um mundo com excesso de informação compartilhada, a tendência é que façamos a escolha de nos aprofundarmos ou não em uma informação por meio da primeira mensagem que captamos, e ela é e sempre será a linguagem visual. Então a pergunta é: Será que a imagem que você transmite está te aproximando ou te afastando da vida que você deseja? Ou simplesmente daquilo que é bom para você? E as imagens que você procura, o que elas falam sobre você? Elas fazem realmente sentido para a sua vida?

É como um homem dizer que gostaria de criar uma família e passar mais credibilidade, porém toda a sua comunicação de imagem diz exatamente o oposto.  Ele pode não saber disso e na maioria das vezes é o que acontece. A maioria das pessoas não tem conhecimento do que a imagem delas está transmitindo, simplesmente porque a nossa educação não nos alfabetiza visualmente. E isso não tem a ver com aprender a combinar as cores, mas primeiramente, em saber ler o significado de cada uma delas, por exemplo.

Por tudo isso, acredito que é preciso criarmos urgentemente um movimento de alfabetização visual, para que se dê a cada pessoa o poder de escolha diante da realidade virtual que se apresenta. Esse é o verdadeiro empoderamento e ele com certeza passa pelo conhecimento.

 Escrito por: Cristina Rosa – Visagista e Licenciada em Letras